Hiperstição e Superstição
Publicado na Revista Das Questões (acesso ao inteiro teor no link).
Resumo:
Cunhado por filósofos de viés aceleracionista, o termo "hiperstição" restitui um sentido imaginativo para a política, apresentando uma ficção que se torna real, ao modo de self-fullfiling prophecies. No entanto, a noção também quer se diferenciar como forma sublimada da superstição–esse tipo de prática infundada que, desde os iluministas, foi exorcizada dos saberes modernos como completamente descabida, mantendo-se, eventualmente, apenas algum espaço para sua forma mais alta, purificada e espiritualizada: a fé ou a crença. A partir de uma perspectiva extra-axial, politeísta ou indígena, proponho uma visão alternativa sobra a querela superstição/hiperstição, criticando-a a partir dos pensamentos de Silva (2022), Bispo dos Santos (2023), Valentim (2018), Sahlins (2022), Strathern (2019), Assmann (2021) e Danowski & Viveiros de Castro (2014; 2023). A atribuição de “superstição”, assim, aparece como forma de geontopoder (Povinelli, 2016) que distribui as agências de modo “sapiocêntrico”. Superstição e hiperstição contrapõem, do ponto de vista cosmogramático, respectivamente, biointeração e terraformação, orgânico e sintético, transcendência e sobrenaturezae –finalmente –edenistas e indígenas.
Palavras-chave: Hiperstição. Superstição. Orgânico. Sintético. Cosmogramas